Casapueblo
Em Punta Ballenas a 20 minutos do Centro de Punta Del Este está o símbolo da cidade: Casapueblo, que foi a antiga casa de verão do arquiteto e artista plástico Carlos Páez Vilaró, atualmente é divida em: hotel, museu, galeria de arte e restaurante. A construção branca é semelhante às casas nas ilhas gregas.
Faz parte do roteiro quem visita Punta Del Este. E uma das atrações é que no final de cada tarde um poema do próprio artista é recitado, enquanto as pessoas contemplam o por do sol.
Cerimônia do sol – Carlos Páez
Versão em português:
Olá Sol …!
Mais uma vez você vem para visitar sem aviso prévio. Mais uma vez em sua longa caminhada desde o início da vida.
Olá Sol …!
Com a barriga cheia de ouro fervendo para distribuir entre as moradias e quintas, capelas camponesas, vales, florestas, rios e aldeias esquecidas.
Olá Sol … ! Todo mundo sabe que pertence a todos, mas prefere dar seu calor aos mais necessitados, aqueles que precisam de sua luz para iluminar a sua casa de folhas, os que de você recebem energia para enfrentar o trabalho, pedindo a Deus para nunca perdê-la, para enriquecer seus plantios, e conseguir as suas colheitas.
É que você, Sol, é o pão de ouro da mesa dos pobres.
Da minha varanda eu vejo você vir todos os dias como um anel de fogo de rolamento através de anos, pontual, essencial, incentivando minha filosofia desde o dia em que comecei a levantar a Casapueblo e coloquei a primeira pedra e o meu primeiro tijolo.
Eu me lembro que foi um dia de inflamada tempestade, o mar tinha substituído a cor azul por um cinza empavonado, no horizonte um veleiro ancorado afiava atento suas velas para escapar da tempestade, o céu estava cheio dos gritos dos corvos em voo, vi como a rajada de vento agitava toda a serra, incomodando tanto à doninha quanto a um coelho.
Mas de repente um anúncio sobrenatural perfurou o céu e você apareceu. Era um sol nítido e redondo, perfeito e delineado posto sobre o cenário de minha iniciação com a força sagrada de um vitral de igreja!
Os mesmos braços de ouro que ao amanhecer iluminam o céu, que se estendem sobre todos os lados, aqueciam as montanhas, ou apontando para baixo iluminavam o mar.
A partir daquele momento eu senti que Deus habita em vós, para que a vossa fé é por meio de seus raios transmitida a todos os lugares por onde transitava.
Sol … Olá! Como eu gostaria de ter compartilhado sua longa jornada presenteado os outros com luz, porque o teu toque acariciou a vida de mil povos, compartilhando suas alegrias e tristezas, conheceu a guerra e a paz, impulsionou a oração e o trabalho, acompanhou a liberdade e fez durar menos a prisão da escuridão.
Ao seu comando sol, os lagartos dormem, os girassóis acordam e os galos cantam. Ronronam os gatos vadios, uivam os cães e outros saem de suas cavernas.
Ao seu comando há o suor na testa dos trabalhadores, e no corpo das mulheres que cobertas levam cântaros de água para a favela. Com toques de seu coração comove o mar, da música ao plantio, a usina e ao mercado.
Ao seu comando correm em estampido búfalos e antílopes, se desperta o leão, se surpreende a girafa, se desliza a serpente e voa a borboleta. Ao seu comando canta a cotovia, saiu-se do pântano, acordou o morcego e se mudou o albatroz.
Sol … Olá! Obrigado por ter vindo alegrar minha vida como artista. Porque você me fez menos solitária a minha solidão. É que eu estou acostumado a sua companhia e se não tenho você, te busco onde quer que estejas!
É por isso que te reencontrei na Polinésia, quando você foi coroado rei das ilhas de pérola e recifes de coral, ou também na África, quando deu um impulso à suas revoluções libertárias e se refletia no espelho de seus escudos tribais para injetar coragem.
Eu estou olhando e vejo que você não mudou, é sol que reverenciavam os Astecas, o mesmo que pintei em minha peregrinação pela América, o mesmo que envolveu a Amazônia misteriosa e secreta, o que me iluminou o caminho sagrado de Machu Picchu no Peru, e nos vales da Patagônia ou territórios dos Sioux e o Comanche.
O mesmo sol que me levou a Bornéu, Sumatra, Bali, a Ilhais musicais ou as areias escaldantes do Sahara. A diferença dos relâmpagos que apenas projetam na noite chicotes de luz do sei reinado planetário, teus raios permanecem ativos. Algumas vezes a travessuras de umas nuvens escondem a sua glória, mas quando isso acontece, nós sabemos que você está lá, jogando oculto.
Outras vezes, porém, te vemos sorrir quando as gaivotas te usam de papel para escrever as frases em seu voo.
Obrigado Sol, por invadir a intimidade de meu entardecer e mergulhar em minhas águas. Agora será a luz dos peixes e de seu mundo secreto debaixo d’água. Também os fantasmas que habitam o ventre dos navios afundados nos trágicos naufrágios.
Obrigada Sol …! Por nos presentear com esta cerimonia amarela. Obrigado por deixar meus muros brancos impregnados de sua fosforescência. Entre rajadas e rajadas, os ciclones que atravessam tempestades ou tornados, você pode vir aqui para ir acalmando silenciosamente os nossos olhos.
Porque a sua missão é partir para iluminar outros lugares. Operários, estivadores, pescadores te esperam em outras regiões onde a noite desaparece com sua chegada. E como respondendo a um timbre mágico despertará as cidades, acompanhará os filhos até a escola, colocarás em voo a felicidade dos pássaros, chamará a missa.
À sua chegada, animou-se o andar de seus trabalhadores, cantarão os vendedores nas feiras, as margens dos rios se encherão de lavadeiras e entrará a alegria pelas janelas dos hospitais!
Tchau sol …! Quando em um instante você se vai por completo e assim morrerá a tarde. A nostalgia se apoderará de mim e a escuridão da Casapueblo. A escuridão, penetrando com seu apetite insaciável debaixo da minha porta, através das janelas ou qualquer espaço encontrado para infiltrar-se em meu estúdio, abrindo campo para as borboletas noturnas.
Tchau sol…! Eu te amo … Quando era criança eu queria te alcançar com a minha pipa. Agora que estou velho, me resigno a lhe suada enquanto a tarde boceja por tua boca de vime.
Tchau sol …! Obrigado por provocar uma lágrima, ao pensar que também iluminou a vida de nossos avós, nossos pais e entes queridos e de todos os que não estão mais juntos a nós, mas que te seguem e de você desfrutam de outra altura.
Sol … Adeus! Amanhã eu vou te esperar novamente. Casapueblo é a sua casa, pois todos a chamam de Lar do Sol. O sol da minha vida como artista. O sol da minha solidão. É que me sinto um milionário em solas, eu continuo a esperar que alcance todos os dias o horizonte.
Ceremonia del sol – Carlos Páez
Versão em espanhol:
Hola Sol …! Otra vez sin anunciarte llegas a visitarnos. Otra vez en tu larga caminata desde el comienzo de la vida.
Hola Sol…! Con tu panza cargada de oro hirviendo para repartirlo generoso por villas y caseríos, capillas campesinas, valles, bosques, ríos o pueblitos olvidados.
Hola Sol…! Nadie ignora que perteneces a todos, pero que prefieres dar tu calor a los más necesitados, los que precisan de tu luz para iluminar sus casitas de chapa, los que reciben de tí la energía para afrontar el trabajo, los que piden a Dios que nunca les faltes, para enriquecer sus plantíos, y lograr sus cosechas. Es que vos, Sol, sos el pan dorado de la mesa de los pobres. Desde mis terrazas te veo llegar cada tarde como un aro de fuego rodando a través de los años, puntual, infaltable, animando mi filosofía desde el día que soñé con levantar Casapueblo y puse entre las rocas mi primer ladrillo.
Recuerdo que era un día inflamado de tormenta, el mar había sustituido el azul por un color grisáceo empavonado, en el horizonte un velero escorado afinaba el rumbo para saltear la tempestad, el cielo se llenaba de graznidos de cuervos en huida, la sierra se peinaba con la ventolera alborotando a la comadreja y al conejo.
Pero de golpe como un anuncio sobrenatural el cielo se perforó y apareciste vos. Eras un sol nítido y redondo, perfecto y delineado, puesto sobre el escenario de mi iniciación con la fuerza sagrada de un vitreaux de iglesia. Desde ese instante sentí que Dios habitaba en ti, que en tu fragua derretía la fe y que por medio de tus rayos la transmitía por todos los sitios donde transitabas. Los mismos brazos de oro que al desperezarte iluminan el cielo, al estirarse a los costados entibian las sierras, o apuntando hacia abajo laminan el mar.
Hola Sol…! Cómo me gustaría haber compartido tu largo trayecto regalando luz, porque a tu paso acariciaste la vida de mil pueblos, compartiste sus alegrías y tristezas, conociste la guerra y la paz, impulsaste la oración y el trabajo, acompañaste la libertad e hiciste menos dura la oscuridad de los presidios.
A tu paso sol, se adormecen los lagartos, despiertan los girasoles y los gallos cacarean. Se relamen los gatos vagabundos, los perros guitarrean, y el topo se encandila al salir de la cueva. A tu paso sol, hay sudor en la frente del obrero y en los cuerpos de las mujeres cobrizas que alcanzan el cántaro de la favela. Con tus latidos conmueves el mar, das música a la siembra, la usina y el mercado.
A tu paso corrieron en estampida búfalos y antílopes, desperezó el león, se asombró la jirafa, se deslizó la serpiente y voló la mariposa. A tu paso cantó la calandria, despegó el aguilucho, despertó el murciélago y emigró el albatros.
Hola Sol…! Gracias por volver a animar mi vida de artista. Porque hiciste menos sola mi soledad. Es que me he acostumbrado a tu compañía y si no te tengo, te busco por donde quiera que estés. Por eso te reencontré en la Polinesia, cuando te coronaron rey de los archipiélagos de nácar y los arrecifes dentellados de coral, o también en Africa, cuando dabas impulso a sus revoluciones libertarias y te reflejabas en el espejo de sus escudos tribales para inyectarles coraje. Te estoy mirando y veo que no has cambiado, que sos el mismo sol que reverenciaron los aztecas, el mismo de mi peregrinaje pintando por América, el que envolvió la Amazonia misteriosa y secreta, el que me alumbró los caminos al Machupichu sagrado del Perú, el de los valles patagónicos o los territorios del Sioux o del comanche. El mismo sol que me llevó a Borneo, Sumatra, Bali, las islas musicales o los quemantes arenales del Sahara.
A diferencia del relámpago que apenas proyecta en la noche latigazos de luz, desde tu reinado planetario, tus destellos continúan activos, permanentes.
Alguna vez la travesura de las nubes oculta tu esplendor, pero cuando ello ocurre, sabemos que estás ahí, jugando a las escondidas.
Otras veces, en cambio, te vemos sonreír cuando las golondrinas o las gaviotas te usan de papel para escribir las frases de su vuelo.
Gracias Sol, por invadir la intimidad de mi atardecer y zambullirte en mis aguas.
Ahora serás la luz de los peces y su secreto universo submarino. También de los fantasmas que habitan en el vientre de los barcos hundidos en trágicos naufragios.
Gracias Sol…! Por regalarnos esta ceremonia amarilla. Gracias por dejar mis paredes blancas impregnadas de tu fosforescencia.
Entre ventoleras y borrascas, cruzando ciclones y tempestades, lluvias o tornados, pudiste llegar hasta aquí para irte silenciosamente frente a nuestros ojos.
Porque tu misión es partir a iluminar otros sitios. Labradores, estibadores, pescadores te esperan en otras regiones donde la noche desaparecerá con tu llegada.
Y como respondiendo a un timbre mágico despertarás las ciudades, irás junto a los niños a la escuela, pondrás en vuelo la felicidad de los pájaros, llamarás a misa.
A tu llegada, se animará el andamio con sus obreros, cantarán los pregoneros en las ferias, la orilla del río se llenará de lavanderas y entrará la alegría por la banderola de los hospitales.
Chau Sol…! Cuando en un instante te vayas del todo, morirá la tarde. La nostalgia se apoderará de mí y la oscuridad entrará en Casapueblo. La oscuridad, con su apetito insaciable penetrando por debajo de mis puertas, a través de las ventanas o por cuanta rendija encuentre para filtrarse en mi atelier, abriéndole cancha a las mariposas nocturnas.
Chau Sol…! Te quiero mucho…
Cuando era niño quería alcanzarte con mi barrilete. Ahora que soy viejo, sólo me resigno a saludarte mientras la tarde bosteza por tu boca de mimbre.
Chau Sol…! Gracias por provocarnos una lágrima, al pensar que iluminaste también la vida de nuestros abuelos, de nuestros padres y la de todos los seres queridos que ya no están junto a nosotros, pero que te siguen disfrutando desde otra altura.
Adiós Sol…! Mañana te espero otra vez. Casapueblo es tu casa, por eso todos la llaman la casa del sol. El sol de mi vida de artista. El sol de mi soledad. Es que me siento millonario en soles, que guardo en la alcancía del horizonte.
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